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..., encontrámos os nossos Petrus no nosso quintal, tinham saído sorrateiramente das nossas prateleiras sem darmos conta de qualquer som desarmonioso. O dia estava a sorrir subtilmente hábil, expressava-se com pequenas nuances brilhantes, disfarçadas de vergonha... Ora, os petrus andam ansiosos pelos dias claros e quentinhos e, por isso,...
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Fomos dar com eles, imaginem só... a rebolarem encosta abaixo, a saltitarem de ramo em ramo carregados de lápis de cor nos bolsos das suas roupas. Até o nosso Smart deliciava-se a deambular pelo rasto de cores que os Petrus pintavam no ar... O Pelicano mantinha-se com o seu ar altivo e sereno mas, acreditem em nós, por dentro, as cócegas de um sorriso a querer esboçar cá fora fazia-lo estremecer um pouco! Lá de quando em quando reparávamos que um lápis ficava pelo caminho. Aproximámo-nos devagarinho para apanhá-los e ficámos à escuta:
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Lembras-te? Tu também gostavas muito dele! A Primavera está tão tímida e serena que acho que vou emprestar essa cor azul clara ao céu que está agora bem em cima de nós... esta paisagem está a precisar! Não achas que temos que lhe dar mais cor?
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O verde daqueles meus calções que tanto usei a saltar os muros da nossa casita vou oferecer a esta carpete ocre que se estendeu no nosso quintal. Acreditas que nem pediu licença para também pintar de escuro as copas das nossas árvores?
De repente, demos uma topada involuntária com o pé e esbarrámos num ramito que estava no chão e, ups... eles viram-nos. Corámos de imediato, bem sabemos que é muito indelicado ouvirmos as conversas para as quais não somos convidados mas não conseguimos resistir desta vez. Como fomos apanhados, perguntámos:
-- O que andam a fazer? Não deviam estar a preparar-se para irmos para Castelo Novo, para a vossa nova casa?
-- Claro que não! Ainda temos muito que fazer. Peguem nestas cores de pau mágicas e desenhem rosas e violetas neste cantinho. Ajudem-nos, e assim não nos atrasamos muito!
Ana Almeida retrucou com viveza:
-- Mas... mas porque estão a tirar as cores das vossas peças? Não gostam do arco-íris tricotado nas vossas roupas? -- disse, deixando escapar um pequeno movimento envergonhado com os lábios.
-- Nada disso! Por gostarmos tanto do que nos oferece em cada gesto de mestria no tricot é que queremos e podemos mostrar a nossa faceta natural, suave, sem qualquer artimanha ou maquilhagem colorida... quisémos sentir as nossas cores nestas texturas de cor pálida que o inverno tingiu a natureza durante os seus dias de protagonismo. Sintam a Primavera, não percebem que ela ainda está fria e acanhada, precisamos colori-la e iluminá-la todos os seus dias, para que seja mais brilhante.
Após estas palavras, só nos restava consentir, subtrair a nossa indignação e acrescentar um sorriso com gargalhadas bem sentidas. Demos as mãos e lá fomos a caminhar até Castelo Novo, repletos de baldes de cores de pau mágicas, e cantávamos:
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~
Não vou, não vou
dar tempo ao tempo
Eu vou, eu vou
pintá-lo em todo o lado
~
Tu vais, tu vais
ficar embasbacado
Ai vais, ai vais
Caminhar sempre ao meu lado!
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Venha visitar-nos em Castelo Novo, os Petrus já chegaram à nossa loja, agora com as suas cores tão naturais quanto a sua ternura... Continuam lindos, não é verdade?!
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